terça-feira, 8 de maio de 2012

Essência do Jornalismo




Apaixonei-me pelo jornalismo já lá vão uns aninhos... E, tal como todas as paixões, esta surgiu de repente e sem pré aviso. Estava na flor da adolescência e, de um dia para o outro, resolvi levar umas coisas que tinha escrito a um jornal da terrinha. "Nunca vão ser publicadas" - pensei eu. Estava enganada. Publicaram as minhas crónicas e uma semana depois chamaram-me para fazer a cobertura do carnaval infantil da cidade. Fiquei apavorada. Nunca tinha feito nada, não tinha qualquer experiência. Mesmo assim, não podia recusar. E de um dia para o outro lá estava eu, aquela que sempre quis ser veterinária, sentada em frente ao computador a tentar escrever a notícia do Carnaval para publicar na edição da semana seguinte.

E foi assim, foi assim que veio, e veio para ficar, esta minha paixão.
Gosto do jornalismo não porque quero fama ou porque quero aparecer na televisão. Não sou coscuvilheira e também não estou atrás de um bom ordenado porque, meus amigos, se estivesse de certeza que não escolhia o jornalismo...

Muitos apaixonados não conseguem justificar aquilo que sentem. No meu caso é diferente... Gosto de ser jornalista porque gosto de contar histórias às pessoas. Sim, porque um jornalista é isso mesmo: um belo contador de histórias. E o melhor de tudo, aquilo que melhor sabe, é sentir que a nossa história foi bem contada. É sentir que as pessoas falam da nossa história, que a passam de boca em boca. É sentir que a nossa história pode não ter mudado o Mundo mas mudou, certamente, a vida de alguém.

"Ser jornalista é ficar com partes da vida das pessoas e passar essas partes aos outros" - disseram-me isto esta semana e esta é, talvez, uma das melhores caracterizações de jornalismo que ouvi até hoje. A essência do jornalismo é precisamente esta, o jornalismo é, sobretudo, um trabalho humano que nos envolve a todos.

E quando nos acusam de só publicar desgraças ou mentiras... não concordo. Nenhum jornalista tem prazer em noticiar acidentes ou catástrofes naturais. Nenhum jornalista publica histórias falsas só para vender. Entenda-se que o meu "nenhum" só inclui: todos os jornalistas que seguem o código ético e deontológico mas que, mais do que isso, têm bom senso e carácter. Sim, porque sei bem que, infelizmente, andam por ai muitas pessoazinhas com carteira de jornalista que deviam era ter vergonha e deixar a profissão. Esses são as ervas daninhas deste meio. Minam e degradam a imagem nobre do jornalismo. É pena, mas ervas daninhas crescem em todo o lado e não há veneno que lhes faça frente.

O trabalho de um jornalista não passa por descobrir, sempre, a verdade total. Muitas vezes só conseguimos descobrir parte da verdade, uma verdade. Não importa, se nos esforçarmos por dar o máximo de verdade naquilo que fazemos as coisas vão correr bem. Somos os mensageiros, somos os portadores de uma história que queremos que os outros recontem.
"Somos uma janela do Mundo para as pessoas que vêm, ouvem e lêem através de nós". É isto que somos ou, pelo menos, deveríamos ser.

Para além disso, como cidadãos mas mais ainda como jornalistas, carregamos uma responsabilidade social. Não podemos ser alheios aos sentimentos dos outros, somos seres interessados por natureza.

E esse interesse pelas pessoas alarga-se a outros campos. Somos seres interessados por tudo. Conhecedores da língua, da história, da política, da arte, da música e do cinema. Da economia, das ciências e da sociedade. Acumulamos conhecimento porque essa é a base do jornalismo.

É bom que saibam que, para os que já se apaixonaram pela profissão, não há cura. Quando o "bichinho" do jornalismo se instala não há remédio que o faça sair. E, mesmo que houvesse, duvido que algum jornalista o quisesse sequer experimentar. Afinal, gostamos de ser assim. Gostamos de não parar. Mesmo em dias de folga ou nas férias, estamos atentos a tudo e a todos, sempre à procura de uma boa história para contar, de algo que possa acabar em notícia. Somos jornalistas a tempo inteiro, disso não restam dúvidas.

E não, "não existem pequenas histórias, o que existem é jornalistas pequenos". Mais uma grande verdade... E para não nos tornarmos demasiado pequenos precisamos de nos superar a cada dia que passa. Mais do que querer fazer melhor... temos de FAZER MELHOR todos os dias. É uma competição individual constante. "O que fazemos hoje é o mais importante de tudo mas amanhã é lixo".

Não, isto não é tudo um mar de rosas. Este é um "mundo cão", se calhar muito pior do que a maioria. É o mundo das rivalidades, das falsidades e das cunhas. É o mundo da ganância e do negócio. É o mundo do "eu faço qualquer coisa para subir"...

No entanto, meus amigos, talvez por ainda estar demasiado "verde", continuo a acreditar na essência do jornalismo. Continuo a acreditar que ainda existem bons jornalistas tão cegos e apaixonados quanto eu. Continuo a acreditar que uma história minha não muda o Mundo, mas muda, de certeza, a vida de alguém. Continuo a acreditar que, com as palavras dos jornalistas, as pessoas não ficam paradas, as pessoas agem e lutam pelas causas em que acreditam.

E... façam-me um favor: deixem-me continuar a acreditar. Deixem-me continuar a sonhar. Afinal, todos temos o direito de correr atrás de um sonho. E sempre ouvi dizer que "Deus quer, o Homem sonha e a Obra nasce"... Para mim, Deus já quis e eu já sonho... e vou sonhar toda a vida, até que a obra nasça de vez.

Patrícia Pinho da Silva

"Se não conseguires chegar à lua... estica o braço e apanha uma estrela"





Tenho comprovada uma única verdade na vida: tudo aquilo que nos dá mais trabalho a conseguir é, também, aquilo que, no fim, nos dá verdadeiro gozo e prazer.

Digam-me a que sabe a laranja comprada no supermercado, em comparação com aquela que apanhamos depois de subir a uma árvore? E quão diferente é o leite que acaba de sair da vaca daquele que fica empacotado durante meses? Como é ver uma cidade desde o alto de um miradouro... será tão fascinante como olhá-la par a par com as ruas atulhadas de carros, fumos, gentes e ruídos?

Claro que não. Sempre e em tudo na vida devemos lutar por chegar o mais alto possível.
Esta é a teoria, mais difícil é pô-la em prática. É essa prática que luto por desenvolver  a cada passo que dou na vida.

Sou uma afortunada. Nunca tive dúvidas daquilo que quero fazer na vida. Quero contar histórias às pessoas. Mostrar-lhes outras vidas, abrir-lhes as janelas e as portas... e fazê-las ver o Mundo. Gosto de trabalhar com gentes do campo e da cidade, ricas ou pobres, com ou sem emprego. Não importa, grande ou pequena, todas têm uma história para contar. Cabe-me a mim descobri-la e transformar um pormenor em algo que valha, realmente, a pena ser visto e ouvido, saboreado e comentado. Que troquem o dito por não dito, que contem o (meu) conto e acrescentem um ponto, que me chamem nomes ou que me homenageiem,  não importa. Não o faço para que gostem de mim, apenas quero que falem da minha história. Quero que a passem de boca em boca. Se isso acontecer, deixa de ser só minha e passa a ser de toda a gente... é isso que eu quero.

Quero levar a minha história, ou as minhas histórias, o mais alto possível. E, se na subida, encontrar alguém que precise de ajuda... Não vou continuar como se nada fosse, não vou ser arrogante ou egoísta. Vou parar e esticar a mão, é o mínimo que posso fazer. Não podemos ser alheios aos sentimentos dos outros, somos seres interessados por natureza. E interessamo-nos pelo nada e pelo tudo, é esta a lógica.

"Se não conseguires chegar até à lua... estica o braço e apanha uma estrela". Ouvi isto há uns dias atrás dito por um homem com uma grande história. Pobre e com três filhos para criar mas que, mesmo assim, ajuda toda a gente do bairro onde vive. E toda a gente é mesmo TODA a gente. Cá para mim, este homem já tem uma colecção de estrelas...

Isto é jornalismo, é cidadania e é saber viver. Sim, porque só vive quem sabe olhar para a vida com estes olhos, quem não o faz... limita-se a existir.

Ser jornalista não é, de todo, ser perfeito. Mas é lutar pela perfeição a cada dia que passa. É por isso que não paramos de estudar, de ler livros e jornais, de ouvir as rádios e ver televisão.

 Amamos a vida, e é só.

Patrícia Pinho da Silva

segunda-feira, 26 de março de 2012

Objectos da saudade

Visita guiada à Fundação Portuguesa das Comunicações


De portas abertas, em Lisboa, desde 1997. A Fundação Portuguesa das Comunicações, criada nos anos 90, trouxe toda a história das telecomunicações em Portugal. A ideia de criar uma fundação germinava desde 1990 e foi graças à fusão dos CTT com a Portugal Telecom que foi possível fazer com que o projecto avançasse. Situada na zona ribeirinha, esta Fundação mantém o traço original da fachada e reúne as condições essenciais para que o passado, presente e futuro coabitem de forma saudável. O Quiosque 14 entrou numa conversa íntima que retrata a dedicação e o gosto em servir um museu durante mais de trinta anos.
Fernando Moura abraçou este projecto desde o início e dedicou toda a sua vida à Fundação e a todos os que a visitam, diariamente. Responsável pelo departamento do património museológico desta instituição assistiu em primeira mão a todos os passos que levaram ao reconhecimento a nível nacional e internacional.
Embora não partilhe da preocupação de ter resultados visíveis do trabalho desenvolvido na fundação, Fernando Moura acredita que se tais resultados forem conhecidos, óptimo, se não, pelo menos fica a certeza de que fez um bom trabalho. Afirma com todas as letras que tenta fazer o seu trabalho até ao último dia com a mesma eficácia e dedicação tal e qual como no seu primeiro dia.
Pequenas vitórias no seu percurso de vida
A ideia de criar um sítio na internet foi sua até que em 2002 se tornou real e foi co-financiado pela comunidade europeia numa parceria com o museuFrankfurt e o museu da telefónica de Espanha. Nasceu por fim o projecto “ museu virtual das telecomunicações” e um dos objectivos do seu mentor foi que que a própria ideia fosse desenvolvida posteriormente por outros colegas com outro nível de criatividade para poder levá-lo mais longe.
Este foi o primeiro projecto de Fernando, que guarda consigo as memórias e o sentimento de orgulho e de gratidão para com todos com quem trabalhou arduamente na área das telecomunicações. Em 2011, foi convidado para fazer parte de um outro trabalho, desta vez no Brasil.
Deve-o ao facto de ter uma vida dedicada ao património museológico e de ter muitas vezes sacrificado a sua vida pessoal em prol da Fundação. Fernando Moura outrora já acompanhou visitas de estudo pelo museu, mas neste momento deixa esta função para pessoas especializadas. Contudo, faz questão de estar presente nas visitas especiais que ocorrem esporadicamente, como é o caso de congressos de colegas estrangeiros em Portugal, que, obviamente pela natureza do evento, exige um certo tipo de tratamento, não VIP, como refere o próprio, mas com alguma delicadeza e elegância.
Sendo o primeiro responsável pelo departamento do património museológico na Fundação desde 1997, Fernando Moura frisa que é uma grande responsabilidade estar em permanente contacto com as empresas instituidoras (Portugal Telecom, ANACOM e CTT), no sentido de estar em constante alerta para a existência de equipamentos e de peças importantes para a história das telecomunicações. Assim não correm o risco de cair no esquecimento, em vazadouros ou sucatas.
Conhecendo o património museológico como ninguém e o facto de a sua formação assentar na História, permitiram-lhe ser uma das entidades com mais influência na aquisição dos equipamentos de telecomunicações, que juntamente com uma equipa especializada, prepara guiões de exposições, tanto permanentes, como a que está presente no vídeo, aberta ao público desde 2005 e que no fundo constitui um dos motivos de atração a esta fundação, como também as temporárias, como é o exemplo de Look Twice, atualmente patente no museu.
Cada exposição conta uma história e todas elas são bonitas de se ouvir, podendo ficar-se horas a escutar como nasceu cada uma e como acabou por ficar exposta neste Museu das Comunicações.
Os jovens são o principal público-alvo
A pensar exclusivamente no seu público jovem, o museu desenvolve periodicamente percursos temáticos, exposições, verdadeiras viagens no tempo, onde os demais visitantes podem interagir com as tecnologias antigas e compará-las verdadeiramente à tecnologia de ponta e de massa utilizada hoje em dia.
O museu respira pura tecnologia e nele, miúdos e graúdos podem aprender como se comunicava antes e agora e descobrir as grandes diferenças.
Acha fundamental conseguir-lhes transmitir a importância da evolução dos meios de comunicação ao longo de 500 anos de História.
Novos projetos em mente, mas a saudade permanecerá
A poucos dias de cessar funções na Fundação Portuguesa das Comunicações, Fernando Moura confessa estar disponível para trabalhar algumas vezes se puder ganhar dinheiro, se puder colaborar com quem não tenha possibilidades, um trabalho de voluntariado é uma opção em aberto.
Vai recordar toda uma vida dedicada ao museu com muita saudade, porque “ quando as pessoas começam num trabalho deste tipo e gostam do que fazem, não podem simplesmente cortar os laços de um momento para o outro”.
“Nós quando tratamos deste património museológico, não pensamos em levá-lo mas sim em deixá-lo para as gerações vindouras para que prossigam com o trabalho desenvolvido por nós”.
Para trás fica a saudade de trabalhar nas telecomunicações, “mas a vida é feita de novas aventuras” e Fernando certamente irá em busca de novos desafios que lhe sejam tão prazenteiros como foi trabalhar na Fundação, em Lisboa.
Porque a vida é feita de evolução, está disposto a fazer parte deste universo de constante mudança e a experimentar novas sensações.
Inês Oliveira

sexta-feira, 16 de março de 2012

A Crista da Onda

É no Surfing Clube Portugal que encontramos João Ferreira. “Um grupo de sócios convenceu-me a ser presidente do clube e eu aceitei”, é assim que explica a sua aventura pelo clube.




Gosta de contar a histórias reais e inspiradoras. João aproveita a deixa de um rapaz romeno que por ali andava à mesma hora que estávamos a gravar. “Ele quando chegou a Portugal estava com um gangue que não queria estudar, não falava português e quando o vi a rondar o clube, perguntei-lhe se queria fazer surf.”. Como qualquer miúdo daquela idade, o rapaz respondeu sim e é com orgulho que João nos conta, que neste momento o menino romeno de 10 anos que não ia à escola “até tira 70% na escola e é um óptimo aluno”.

INFÂNCIA PERTO DO MAR

João nasceu em Angola e os pais tinham uma casa perto da praia. Apesar de não se lembrar, sabe que o desde cedo se habituou ao mar. Já em criança “ainda com bóias, eu e o meu irmão íamos para o mar. Assim que afastávamo-nos do areal, o nosso cão, ia-nos buscar e trazia-nos aos dois para terra”.

Com uma mente muito virada para a sociedade, este professor de educação física e director de turma numa escola, diz que a vertente humana é importante e muitas vezes esquecida. Entende que o clube deve motivar os alunos através do surf e confidencia-nos que disponibilizam tudo, desde pranchas, fatos e as aulas, aos alunos do desporto escolar, desde que tenham boas notas, caso contrario não há essa facilidade.

A inserção do surf no desporto escolar, aqui, surgiu com um convite por parte da Câmara de Cascais”. Há semelhança do que fez em outras escolas por onde passou, João criou o núcleo de surf na escola onde lecciona. “Nas escolas onde dava aulas, criava núcleos de desporto”. Havia o BTT, o skate, a orientação e uma vez por mês o levava os alunos a fazerem surf, nas escolas longe da costa. Garante-nos que maior parte dos  estabelecimentos  de ensino perto da costa litoral têm no desporto escolar, núcleos de surf.
Apesar de ser um orgulho pessoal, com um grande contributo seu, João ficou incomodado, quando à pouco tempo, na imprensa saiu uma noticia de que o Havai tinha colocado o surf no desporto escolar, “quando em Portugal há já 16 anos que ele existe e não vi nenhuma menção a isso.



O PRIMEIRO CLUBE DE SURF PORTUGUÊS

São Pedro do Estoril, 1961. Primeiro sessão de fotografias de surf. 

João diz-nos que o clube “surgiu pela necessidade, que vários pais viram em disponibilizarem aulas de surf aos filhos” e continua “o surf na altura, anos 70, tinha uma conotação às drogas e esta foi a maneira de mostrar que o surf é um modo de vida e um desporto como os outros”.

Para trás ficam momentos de grande glória (que ainda não se perderam), como o facto de na Praia de São Pedro, onde fica a sede Do Surfing Clube Portugal, ter sido o primeiro local onde se realizou a primeira sessão de fotografias de surf. Para a história fica também a praia onde o primeiro surfista português Pedro Martins de Lima, surfou e continua a apanhar as suas ondas.

Pão de cada dia

Uma pitada de sal
Entre duas padarias da zona de Odivelas, Lisboa, descobre-se a arte de fazer pão. O cheiro é inconfundível, o barulho das máquinas ensurdecedor, mas as gargalhadas e a boa disposição dos padeiros fazem-nos entrar nesta viagem. O pão começa a ser amassado por uma máquina, que a um ritmo forte começa a misturar a farinha e a água – o grande segredo do pão.

João Moura, panificador da padaria/pastelaria Kilumba, num piscar de olhos explica as técnicas do fabrico de pão. A fermentação é um elemento importante no processo de mistura. É aí onde os fermentos das leveduras consomem o açúcar obtido do amido da massa do pão, libertado CO2 (Dióxido de Carbono), que aumenta o volume da massa. A padaria/pastelaria é uma estabelicimento de pequena dimensão, onde só trabalha na confeição do pão o padeiro João Moura.
Uns quilómetros mais acima, a padaria/pastelaria Espiga Dourada. É aqui que trabalham António Rodrigues, artista do pão, e o ajudante Luís Silva. O trabalho para estes dois homens começa às 3 da manhã. Esta padaria/pastelaria da Zona de Odivelas, é constituída por mais três casas, onde trabalham no total 37 pessoas.

O proprietário é Luís Mendonça. Sente forte o sabor amargo da crise. Direto e conciso, diz: “Já perdemos cerca de 30 % das vendas em cada padaria. Mas tentamos com ajuda de todos os trabalhadores um meio de estas não afectarem diretamente todos os funcionários, ou seja, haver despedimentos.”

Origem do pão
Proveniente do latim panis é um produto alimentício, que resulta do cozimento da farinha com água e sal. É o alimento básico de vários povos e um símbolo religioso, que cuja antiguidade perde-se na linha do tempo. Foi um dos factores fundamentais para o desenvolvimento da cultura ocidental e desempenhou um papel importante até nos conflitos sociais. De acordo com os historiadores o pão terá surgido com o cultivo do trigo, na região da Mesopotâmia, onde actualmente está situado o Iraque.

Um estudo realizado pela Fundação Portuguesa de Cardiologia e o Museu do Pão, concluiu que a maior parte das crianças e jovens em Portugal consome pão. Cerca de 76,6 por centro afirma que este é o principal alimento consumido na primeira refeição do dia.

Biografia dos protagonistas do pão
João Moura de 41 anos inicia a sua carreira aos 17 anos. Trabalha na padaria Kilumba. É casado e tem 3 filhos. É o único que sustenta o seu agregado familiar de 5 pessoas. Veio para esta profissão devido a dificuldades financeiras. Hoje em dia, já não se vê a fazer outra coisa.
António Rodrigues de 41 anos é padeiro há 21 anos . A profissão de padeiro na sua vida surgiu como continuação da profissão do seu pai – ex padeiro. Com o passar dos anos adquiriu amor à profissão e já não é capaz de largar a mão da massa para outro tipo de trabalho.
Luís Silva de 22 anos é um aprendiz de padeiro há 6 meses. Trabalha juntamente com o António Rodrigues na padaria Espiga Dourada. A arte de fazer pão cruzou-se no seu caminho devido a dificuldades financeiras. Sem qualquer experiência na área, foi admitido para ajudante. Atualmente, já não se vê a fazer outra coisa e deixar o seu mestre António para trás.

Receita económica de pão
1 1/2 kg de farinha de trigo
1 copo(s) de óleo de soja 
1 colher(es) (sopa) de sal
6 colher(es) (sopa) de açúcar
7 copo(s) de água morna(s)
2 envelope(s) de fermento biológico em pó

Colocar numa vasilha quase um quilo de farinha de trigo com os outros ingredientes, misturando-os bem, acrescente a água morna aos poucos, vá colocando o restante da farinha de trigo até obter uma massa homogênea, amassando-a bastante. Corte a massa em 4 partes iguais e com um rolo de massa, abra a massa em espessura grossa, enrole-a formando um rolo e deixe descansar por 40 minutos. Depois coloque para assar no forno brando, até por cerca de 35 a 45 minutos, ou até que esteja dourado.

quinta-feira, 15 de março de 2012

A pérola do bacalhau

Antiga mercearia serve na baixa lisboeta há mais de 80 anos



É na Rua do Arsenal que se encontra uma das típicas mercearias que se dedicam à venda do bacalhau. A Pérola do Arsenal estabeleceu-se aqui há cerca de 80 anos e tem sobrevivido à custa de antigos clientes e turistas. Desde finais do séc. XIX que esta zona de Lisboa junto ao Tejo ficou conhecida como a principal fornecedora de bacalhau da Baixa Pombalina.


Ao entrar, sente-se de imediato o cheiro dos bacalhaus e o característico aroma que só as mais antigas mercearias guardam. À porta, o peixe seco é exposto de uma maneira atrativa, o que faz com que quem passa na rua não fique indiferente. Já lá dentro, a vasta escolha de vinhos e outras bebidas alcoolicas aguça o paladar. Feijão, milho e diversos tipos de leguminosas são outros produtos que também se pode encontrar nesta casa.



Maria, de coração aberto e com uma enorme disposição, sentada à caixa registadora come pevides e dá dois dedos de conversa aos clientes que entram. Rui, que aqui trabalha há cerca de 18 anos, corta o bacalhau que é embrulhado ainda em papel, à maneira antiga. O vai e vem de clientes ao longo da tarde dá vida ao espaço e são muitos os turistas que aqui passam e levam bebidas tipicamente portuguesas sem nunca ficarem indiferentes à principal razão da existência da mercearia, o bacalhau. A clientela mais antiga faz quase parte da mobília. Mesmo que não comprem nada, põem a conversa em dia.

Tal como a Pérola do Arsenal, muitas outras foram as lojas dedicadas à venda do bacalhau que acabaram por não resistir nesta rua. Nos últimos 10 anos, passaram de sete a apenas duas. A luta constante contra as grandes superfícies tem sido difícil para os comerciantes, mas a esperança num futuro melhor mantém-se.

Não só do passado vive esta Pérola. Como a adpatação às novas tecnologias é importante, adicione a sua página do facebook para saber mais informações.
Pode encontrar aqui também 1001 receitas para cozinhar o bacalhau que lá for comprar.

Curiosidades do bacalhau
Diz-se que o nome bacalhau à Brás tem origem num taberneiro do Bairro Alto de seu nome Braz e que decidiu misturar bacalhau desfiado com ovos mexidos e batatas fritas. Seja verdade ou não, o bacalhau à Brás ou à Braz é hoje um prato típico português muito apreciado e muito consumido em Portugal. Também em Macau é uma das receitas de bacalhau mais famosas, tendo-se tornado um prato muito popular entre macaenses, chineses e outros povos asiáticos.


Joana Freixo
Catarina Castro



quarta-feira, 14 de março de 2012

O homem dos 100 dias

Um português a pedalar por Lisboa e Portugal Continental

Paulo Guerra dos Santos, 38 anos, licenciado em Engenharia civil, mestre em Vias de Comunicação e transportes. Atualmente, formador de topografia e engenharia de estradas assistidas por computador, decidiu em 2010, fazer em 100 dias a volta a Portugal Continental. Percorreu assim mais de uma centena de cidades e vilas de Norte a Sul. Uma viagem ao longo de quatro meses, com o intuito de promover a utilização da bicicleta.

A aventura começou a 22 de Maio de 2010 na torre de Belém, Lisboa. O regresso coincidiu com o Dia Europeu sem Carros, a 22 de Setembro. Antes de iniciar a viagem, Paulo Santos tirou um mestrado, que consistiu na realização de um projeto intitulado “100 dias em Lisboa”. Teve por isso de percorrer a cidade durante 100 dias.
Acabou por sair da capital e o resultado foi o dobro do inicialmente esperado. Fez cerca de 200 dias de bicicleta, com o objetivo de perceber as dificuldades que não se sentem dentro de uma sala de aula, frente de um computador em pesquisa. Quis por isso conhecer o terreno que se estuda, de forma a visualizar os verdadeiros problemas e tentar assim resolvê-los.

Paulo Sousa também criou o blog onde fala acerca das suas aventuras, quer por Portugal, quer por Lisboa, e onde também fala de como evitar as emissões de dióxido de carbono.
Paulo Santos participa também num projeto chamado “ecovias de Portugal” com página no facebook. Este projeto pretende criar uma espécie de GPS, para amantes de ciclismo e BTT. A ideia veio do facto de ele ter percorrido Portugal e ter conhecido novos troços e caminhos. O que o levou a partilhar experiências com outras pessoas.
Criou então esta página de facebook, para quem quiser ajudar neste projeto Assim, cada pessoa que tenha feito um percurso de bicicleta e o tenha gravado e identificado com alguma camera de filmar ou mapa, pode enviar a rota que fez para o site ou então para o blog.

Fotogaleria
Tiago Torres e Vasco Fiúza

As rugas dos livros

História de um Alfarrabista contada na primeira pessoa


Albertina Ribeiro está há quase cinco décadas à frente da “Az dos Livros”, conheceu aí o marido, tinha apenas 19 anos. Costureira na altura, por ali passava, na zona da Baixa, para comprar, acima de tudo, revistas de costura. Tem hoje 68 anos. São as histórias dela que fazem a história de um alfarrabista, quem se dedica ao negócio dos livros antigos. Há quem ignore esta profissão que apareceu no século XVI, a partir das primeiras feiras-do-livro. Mas para quem gosta de ler, entrar em sebos é entrar num tesouro. Autênticas bibliotecas, estas lojas costumam ser frequentadas por curiosos, estudiosos e coleccionadores.

É aqui que encontram raridades, as primeiras edições e livros não reeditados. Os preços nestes espaços têm a vantagem de ser acessíveis a todas as bolsas. É esta a vida de Albertina. Quase sempre assim o foi, com quase certeza de que assim será até ao fim. Ainda o dia não vai a meio, e já mostra sinais de cansaço. São, afinal, quase 50 anos como alfarrabista, numa loja tímida que vive por trás da Estação do Rossio. (http://g.co/maps/7kh97). Rodeada de livros, naquela que se tornou a sua segunda casa.

Diz sentir-se bem e confortável. Para ela os livros são uma companhia sem preço, embora não tenha uma grande paixão pelos mesmos. A livraria está na família há três gerações. Albertina tem a sorte de ter a filha a trabalhar com ela, mas está certa que esta não vai dar continuação ao negócio. Uma profissão viva num mundo em constante mudança.

Uma profissão viva num mundo em constante mudança
O dia está quente para um normal dia de Março, ainda Inverno. Moradores e turistas refrescam-se nas esplanadas em frente à loja, o barulho faz adivinhar o corrupio das ruas. Albertina sentada numa cadeira junto a montra recorda os dias em que não tinha mãos a medir para atender tantos clientes. Hoje, põe as culpas na Internet, diz que lhe “roubou” os leitores.


Poucos são os alfarrabistas que têm sobrevivido, muitos já fecharam portas, outros mantêm-se abertos enfrentando diariamente grandes dificuldades pela desertificação do centro da cidade. Apesar da falta de tempo, dos hábitos e costumes da população, há quem não deixe de ser fiel à loja de Albertina. Há quem passe por lá só para tocar nos livros ou sentir o cheiro a papel velho. Os livros mais procurados pelos turistas são os de Fernando Pessoa.

A livraria é também um depósito de confiança. Há mesmo vizinhos que a usam como caixa de correio. Albertina já perdeu a conta de quantas encomendas os carteiros por lá deixaram. No fim do dia, tranca a porta e despede-se de mais um dia. Os livros, por ali ficam, adormecidos, mergulhados no silêncio e no escuro da loja, com todas as histórias que guardam em si.

Encontre o Alfarrabista mais perto de si em: http://bibliomanias.no.sapo.pt/alfalist.htm

Mariana Cardoso e Mafalda Pessanha

Uma vida de luz

Histórias de uma loja bicentenária

Fica no coração de Lisboa, uma das lojas mais antigas de Portugal. A Caza Vellas do Loreto foi criada a 14 de Julho de 1789. O negócio está na família há cinco gerações. Margarida Sá Pereira e o irmão são os atuais proprietários do espaço. Apesar disso, não se vêem como donos mas antes como "mandatários dos antepassados". “Isto é uma coisa que tivemos a sorte de receber e que temos a obrigação de passar aos próximos", garante Margarida.

Esta loja bicentenária nunca foi reconstruída. O chão, os vidros soprados à mão, as madeiras, o relógio e mesmo os puxadores das portas datam da construção original. O segredo, segundo Margarida, é preservar o espaço anualmente.
A família cresceu na loja e talvez tenha sido a luz, e também o calor das velas, que sempre os encorajaram a manter as portas abertas mesmo nas épocas mais difíceis. A primeira grande crise aconteceu no século XIX, com o aparecimento da electricidade. A venda de velas diminuiu drasticamente e esta loja da rua Loreto teve de se reinventar. Apostaram, sobretudo, em velas decorativas, de promessas, baptizado e cemitério.

Hoje em dia, Margarida Pereira e o irmão estão a viver a segunda grande crise da loja. A austeridade e a mentalidade das pessoas são os principais entraves ao desenvolvimento do negócio. "As pessoas não vêem a vela como uma coisa fundamental na casa, vêem a vela como elemento decorativo e, como tal, prescindem dela em detrimento de outras coisas que lhes fazem mais falta", diz.
Histórias de vida
Ainda se aguentam graças a antigos clientes que compram, principalmente, os chamados "milagres". Isto é, partes do corpo humano feitas em cera e sem pavio que servem para agradecer a algum santo a cura de qualquer doença. "Temos um senhor que compra, semanalmente, uma garganta, uns olhos e uns ouvidos, para agradecer a Deus o dom de ainda poder falar, ver e ouvir", conta a dona da loja.

Para além disso, têm, também, alguns clientes mais jovens que seguem as modas e gostam de comprar velas. Mesmo assim, Margarida afirma que "as pessoas não têm a cultura suficiente para fazerem uma aproximação (à loja) e aprenderem... a vida é feita muito apressadamente, não têm tempo para reflectir".
Margarida Pereira começou, desde muito cedo, a conhecer os cantos à casa: "As coisas são naturais, quando aqui entrei não sei que idade teria, aí uns quatro ou cinco anos. Agora vêm aqui os meus netos...". Deixar a loja às gerações seguintes é o maior desejo da proprietária. No entanto, numa altura em que fecham centenas ou mesmo milhares de lojas por ano, as previsões não são animadoras.

"É uma pena acabar tudo em MC Donald's ou em Zara's. Por exemplo, acabou de fechar uma loja na rua Garrett, a ourivesaria Aliança, é das coisas mais penosas para mim ver essas lojas fecharem. Tenho mais pena de ver as lojas fechadas do que de pensar que esta pode fechar, porque na verdade ainda não penso que isso poderá acontecer", assume Margarida. Para ela, são estas lojas feitas de história e tradição que marcam a diferença entre Lisboa e outras cidades Europeias.
Não sente mágoa quando as pessoas passam e nem sequer olham para a loja. Para Margarida, a falta de tempo das pessoas cruza-se com a dimensão histórica do espaço: “as pessoas podiam valorizar mais esta loja porque tem tradição, faz parte do património da cidade. Se as pessoas não olharem para ela de outra maneira não sei se continuará...”.

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Patrícia Pinho da Silva e Telmo Botelho


quinta-feira, 8 de março de 2012

Em breve, histórias que fazem a cidade. A venda de bacalhau, pedalar em Lisboa, os alfarrabistas, as velas que não se apagam, o pão que aquece a alma, e algo mais. Tudo, a partir do Quiosque 14...

Histórias que passaram pelo Quiosque

Last Minutes With Oden



A Mother's Letter



Mr. Happy Man



Telling Jokes in Auschwitz



Wonderful World - BBC



Wonderful World - BBC


Reportagem do Los Angels Time sobre as Vitimas de ataques violentos por parte de Gangues.

(clique na imagem para ver a reportagem)