Fica no coração de Lisboa, uma das lojas mais antigas de Portugal. A Caza Vellas do Loreto foi criada a 14 de Julho de 1789. O negócio está na família há cinco gerações. Margarida Sá Pereira e o irmão são os atuais proprietários do espaço. Apesar disso, não se vêem como donos mas antes como "mandatários dos antepassados". “Isto é uma coisa que tivemos a sorte de receber e que temos a obrigação de passar aos próximos", garante Margarida.
Esta loja bicentenária nunca
foi reconstruída. O chão, os vidros soprados à mão, as madeiras, o relógio e
mesmo os puxadores das portas datam da construção original. O segredo, segundo
Margarida, é preservar o espaço anualmente.
A família cresceu na loja e
talvez tenha sido a luz, e também o calor das velas, que sempre os
encorajaram a manter as portas abertas mesmo nas épocas mais difíceis. A
primeira grande crise aconteceu no século XIX, com o aparecimento da
electricidade. A venda de velas diminuiu drasticamente e esta loja da rua
Loreto teve de se reinventar. Apostaram, sobretudo, em velas decorativas, de promessas,
baptizado e cemitério.
Hoje em dia, Margarida Pereira e o irmão estão a viver a segunda grande crise da loja. A austeridade e a mentalidade das pessoas são os principais entraves ao desenvolvimento do negócio. "As pessoas não vêem a vela como uma coisa fundamental na casa, vêem a vela como elemento decorativo e, como tal, prescindem dela em detrimento de outras coisas que lhes fazem mais falta", diz.
Hoje em dia, Margarida Pereira e o irmão estão a viver a segunda grande crise da loja. A austeridade e a mentalidade das pessoas são os principais entraves ao desenvolvimento do negócio. "As pessoas não vêem a vela como uma coisa fundamental na casa, vêem a vela como elemento decorativo e, como tal, prescindem dela em detrimento de outras coisas que lhes fazem mais falta", diz.
Histórias de vida
Ainda se aguentam graças a antigos clientes que compram, principalmente, os chamados "milagres". Isto é, partes do corpo humano feitas em cera e sem pavio que servem para agradecer a algum santo a cura de qualquer doença. "Temos um senhor que compra, semanalmente, uma garganta, uns olhos e uns ouvidos, para agradecer a Deus o dom de ainda poder falar, ver e ouvir", conta a dona da loja.
Para além disso, têm, também, alguns clientes mais jovens que seguem as modas e gostam de comprar velas. Mesmo assim, Margarida afirma que "as pessoas não têm a cultura suficiente para fazerem uma aproximação (à loja) e aprenderem... a vida é feita muito apressadamente, não têm tempo para reflectir".
Ainda se aguentam graças a antigos clientes que compram, principalmente, os chamados "milagres". Isto é, partes do corpo humano feitas em cera e sem pavio que servem para agradecer a algum santo a cura de qualquer doença. "Temos um senhor que compra, semanalmente, uma garganta, uns olhos e uns ouvidos, para agradecer a Deus o dom de ainda poder falar, ver e ouvir", conta a dona da loja.
Para além disso, têm, também, alguns clientes mais jovens que seguem as modas e gostam de comprar velas. Mesmo assim, Margarida afirma que "as pessoas não têm a cultura suficiente para fazerem uma aproximação (à loja) e aprenderem... a vida é feita muito apressadamente, não têm tempo para reflectir".
"É uma pena acabar tudo em MC Donald's ou em Zara's. Por exemplo, acabou de fechar uma loja na rua Garrett, a ourivesaria Aliança, é das coisas mais penosas para mim ver essas lojas fecharem. Tenho mais pena de ver as lojas fechadas do que de pensar que esta pode fechar, porque na verdade ainda não penso que isso poderá acontecer", assume Margarida. Para ela, são estas lojas feitas de história e tradição que marcam a diferença entre Lisboa e outras cidades Europeias.
Não sente mágoa quando as
pessoas passam e nem sequer olham para a loja. Para Margarida, a falta de tempo
das pessoas cruza-se com a dimensão histórica do espaço: “as pessoas podiam
valorizar mais esta loja porque tem tradição, faz parte do património da
cidade. Se as pessoas não olharem para ela de outra maneira não sei se
continuará...”.
Fotogaleria
Facebook
Fotogaleria
Patrícia Pinho da Silva e Telmo Botelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário