sexta-feira, 16 de março de 2012

A Crista da Onda

É no Surfing Clube Portugal que encontramos João Ferreira. “Um grupo de sócios convenceu-me a ser presidente do clube e eu aceitei”, é assim que explica a sua aventura pelo clube.




Gosta de contar a histórias reais e inspiradoras. João aproveita a deixa de um rapaz romeno que por ali andava à mesma hora que estávamos a gravar. “Ele quando chegou a Portugal estava com um gangue que não queria estudar, não falava português e quando o vi a rondar o clube, perguntei-lhe se queria fazer surf.”. Como qualquer miúdo daquela idade, o rapaz respondeu sim e é com orgulho que João nos conta, que neste momento o menino romeno de 10 anos que não ia à escola “até tira 70% na escola e é um óptimo aluno”.

INFÂNCIA PERTO DO MAR

João nasceu em Angola e os pais tinham uma casa perto da praia. Apesar de não se lembrar, sabe que o desde cedo se habituou ao mar. Já em criança “ainda com bóias, eu e o meu irmão íamos para o mar. Assim que afastávamo-nos do areal, o nosso cão, ia-nos buscar e trazia-nos aos dois para terra”.

Com uma mente muito virada para a sociedade, este professor de educação física e director de turma numa escola, diz que a vertente humana é importante e muitas vezes esquecida. Entende que o clube deve motivar os alunos através do surf e confidencia-nos que disponibilizam tudo, desde pranchas, fatos e as aulas, aos alunos do desporto escolar, desde que tenham boas notas, caso contrario não há essa facilidade.

A inserção do surf no desporto escolar, aqui, surgiu com um convite por parte da Câmara de Cascais”. Há semelhança do que fez em outras escolas por onde passou, João criou o núcleo de surf na escola onde lecciona. “Nas escolas onde dava aulas, criava núcleos de desporto”. Havia o BTT, o skate, a orientação e uma vez por mês o levava os alunos a fazerem surf, nas escolas longe da costa. Garante-nos que maior parte dos  estabelecimentos  de ensino perto da costa litoral têm no desporto escolar, núcleos de surf.
Apesar de ser um orgulho pessoal, com um grande contributo seu, João ficou incomodado, quando à pouco tempo, na imprensa saiu uma noticia de que o Havai tinha colocado o surf no desporto escolar, “quando em Portugal há já 16 anos que ele existe e não vi nenhuma menção a isso.



O PRIMEIRO CLUBE DE SURF PORTUGUÊS

São Pedro do Estoril, 1961. Primeiro sessão de fotografias de surf. 

João diz-nos que o clube “surgiu pela necessidade, que vários pais viram em disponibilizarem aulas de surf aos filhos” e continua “o surf na altura, anos 70, tinha uma conotação às drogas e esta foi a maneira de mostrar que o surf é um modo de vida e um desporto como os outros”.

Para trás ficam momentos de grande glória (que ainda não se perderam), como o facto de na Praia de São Pedro, onde fica a sede Do Surfing Clube Portugal, ter sido o primeiro local onde se realizou a primeira sessão de fotografias de surf. Para a história fica também a praia onde o primeiro surfista português Pedro Martins de Lima, surfou e continua a apanhar as suas ondas.

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