Tenho comprovada uma única verdade na vida: tudo aquilo que nos dá mais trabalho a conseguir é, também, aquilo que, no fim, nos dá verdadeiro gozo e prazer.
Digam-me a que sabe a laranja comprada no supermercado, em comparação com
aquela que apanhamos depois de subir a uma árvore? E quão diferente é o leite
que acaba de sair da vaca daquele que fica empacotado durante meses? Como é ver
uma cidade desde o alto de um miradouro... será tão fascinante como olhá-la par
a par com as ruas atulhadas de carros, fumos, gentes e ruídos?
Claro que não. Sempre e em tudo na vida devemos lutar por chegar o mais
alto possível.
Esta é a teoria, mais difícil é pô-la em prática. É essa prática que luto
por desenvolver a cada passo que dou na
vida.
Sou uma afortunada. Nunca tive dúvidas daquilo que quero fazer na vida.
Quero contar histórias às pessoas. Mostrar-lhes outras vidas, abrir-lhes as
janelas e as portas... e fazê-las ver o Mundo. Gosto de trabalhar com gentes do
campo e da cidade, ricas ou pobres, com ou sem emprego. Não importa, grande ou
pequena, todas têm uma história para contar. Cabe-me a mim descobri-la e
transformar um pormenor em algo que valha, realmente, a pena ser visto e
ouvido, saboreado e comentado. Que troquem o dito por não dito, que contem o
(meu) conto e acrescentem um ponto, que me chamem nomes ou que me
homenageiem, não importa. Não o faço
para que gostem de mim, apenas quero que falem da minha história. Quero que a
passem de boca em boca. Se isso acontecer, deixa de ser só minha e passa a ser
de toda a gente... é isso que eu quero.
Quero levar a minha história, ou as minhas histórias, o mais alto
possível. E, se na subida, encontrar alguém que precise de ajuda... Não vou
continuar como se nada fosse, não vou ser arrogante ou egoísta. Vou parar e
esticar a mão, é o mínimo que posso fazer. Não podemos ser alheios aos
sentimentos dos outros, somos seres interessados por natureza. E
interessamo-nos pelo nada e pelo tudo, é esta a lógica.
"Se não conseguires chegar até à lua... estica o braço e apanha uma
estrela". Ouvi isto há uns dias atrás dito por um homem com uma grande
história. Pobre e com três filhos para criar mas que, mesmo assim, ajuda toda a
gente do bairro onde vive. E toda a gente é mesmo TODA a gente. Cá para mim,
este homem já tem uma colecção de estrelas...
Isto é jornalismo, é cidadania e é saber viver. Sim, porque só vive quem
sabe olhar para a vida com estes olhos, quem não o faz... limita-se a existir.
Ser jornalista não é, de todo, ser perfeito. Mas é lutar pela perfeição a
cada dia que passa. É por isso que não paramos de estudar, de ler livros e
jornais, de ouvir as rádios e ver televisão.
Amamos a vida, e é só.
Patrícia Pinho da Silva
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