Visita guiada à Fundação Portuguesa das Comunicações
De portas abertas, em Lisboa, desde 1997. A Fundação Portuguesa das Comunicações, criada nos anos 90, trouxe toda a história das telecomunicações em Portugal. A ideia de criar uma fundação germinava desde 1990 e foi graças à fusão dos CTT com a Portugal Telecom que foi possível fazer com que o projecto avançasse. Situada na zona ribeirinha, esta Fundação mantém o traço original da fachada e reúne as condições essenciais para que o passado, presente e futuro coabitem de forma saudável. O Quiosque 14 entrou numa conversa íntima que retrata a dedicação e o gosto em servir um museu durante mais de trinta anos.
Fernando Moura abraçou este projecto desde o início e dedicou toda a sua vida à Fundação e a todos os que a visitam, diariamente. Responsável pelo departamento do património museológico desta instituição assistiu em primeira mão a todos os passos que levaram ao reconhecimento a nível nacional e internacional.
Embora não partilhe da preocupação de ter resultados visíveis do trabalho desenvolvido na fundação, Fernando Moura acredita que se tais resultados forem conhecidos, óptimo, se não, pelo menos fica a certeza de que fez um bom trabalho. Afirma com todas as letras que tenta fazer o seu trabalho até ao último dia com a mesma eficácia e dedicação tal e qual como no seu primeiro dia.
Pequenas vitórias no seu percurso de vida
A ideia de criar um sítio na internet foi sua até que em 2002 se tornou real e foi co-financiado pela comunidade europeia numa parceria com o museuFrankfurt e o museu da telefónica de Espanha. Nasceu por fim o projecto “ museu virtual das telecomunicações” e um dos objectivos do seu mentor foi que que a própria ideia fosse desenvolvida posteriormente por outros colegas com outro nível de criatividade para poder levá-lo mais longe.
A ideia de criar um sítio na internet foi sua até que em 2002 se tornou real e foi co-financiado pela comunidade europeia numa parceria com o museuFrankfurt e o museu da telefónica de Espanha. Nasceu por fim o projecto “ museu virtual das telecomunicações” e um dos objectivos do seu mentor foi que que a própria ideia fosse desenvolvida posteriormente por outros colegas com outro nível de criatividade para poder levá-lo mais longe.
Este foi o primeiro projecto de Fernando, que guarda consigo as memórias e o sentimento de orgulho e de gratidão para com todos com quem trabalhou arduamente na área das telecomunicações. Em 2011, foi convidado para fazer parte de um outro trabalho, desta vez no Brasil.
Deve-o ao facto de ter uma vida dedicada ao património museológico e de ter muitas vezes sacrificado a sua vida pessoal em prol da Fundação. Fernando Moura outrora já acompanhou visitas de estudo pelo museu, mas neste momento deixa esta função para pessoas especializadas. Contudo, faz questão de estar presente nas visitas especiais que ocorrem esporadicamente, como é o caso de congressos de colegas estrangeiros em Portugal, que, obviamente pela natureza do evento, exige um certo tipo de tratamento, não VIP, como refere o próprio, mas com alguma delicadeza e elegância.
Sendo o primeiro responsável pelo departamento do património museológico na Fundação desde 1997, Fernando Moura frisa que é uma grande responsabilidade estar em permanente contacto com as empresas instituidoras (Portugal Telecom, ANACOM e CTT), no sentido de estar em constante alerta para a existência de equipamentos e de peças importantes para a história das telecomunicações. Assim não correm o risco de cair no esquecimento, em vazadouros ou sucatas.
Conhecendo o património museológico como ninguém e o facto de a sua formação assentar na História, permitiram-lhe ser uma das entidades com mais influência na aquisição dos equipamentos de telecomunicações, que juntamente com uma equipa especializada, prepara guiões de exposições, tanto permanentes, como a que está presente no vídeo, aberta ao público desde 2005 e que no fundo constitui um dos motivos de atração a esta fundação, como também as temporárias, como é o exemplo de Look Twice, atualmente patente no museu.
Cada exposição conta uma história e todas elas são bonitas de se ouvir, podendo ficar-se horas a escutar como nasceu cada uma e como acabou por ficar exposta neste Museu das Comunicações.
Os jovens são o principal público-alvo
A pensar exclusivamente no seu público jovem, o museu desenvolve periodicamente percursos temáticos, exposições, verdadeiras viagens no tempo, onde os demais visitantes podem interagir com as tecnologias antigas e compará-las verdadeiramente à tecnologia de ponta e de massa utilizada hoje em dia.
A pensar exclusivamente no seu público jovem, o museu desenvolve periodicamente percursos temáticos, exposições, verdadeiras viagens no tempo, onde os demais visitantes podem interagir com as tecnologias antigas e compará-las verdadeiramente à tecnologia de ponta e de massa utilizada hoje em dia.
O museu respira pura tecnologia e nele, miúdos e graúdos podem aprender como se comunicava antes e agora e descobrir as grandes diferenças.
Acha fundamental conseguir-lhes transmitir a importância da evolução dos meios de comunicação ao longo de 500 anos de História.
Novos projetos em mente, mas a saudade permanecerá
A poucos dias de cessar funções na Fundação Portuguesa das Comunicações, Fernando Moura confessa estar disponível para trabalhar algumas vezes se puder ganhar dinheiro, se puder colaborar com quem não tenha possibilidades, um trabalho de voluntariado é uma opção em aberto.
A poucos dias de cessar funções na Fundação Portuguesa das Comunicações, Fernando Moura confessa estar disponível para trabalhar algumas vezes se puder ganhar dinheiro, se puder colaborar com quem não tenha possibilidades, um trabalho de voluntariado é uma opção em aberto.
Vai recordar toda uma vida dedicada ao museu com muita saudade, porque “ quando as pessoas começam num trabalho deste tipo e gostam do que fazem, não podem simplesmente cortar os laços de um momento para o outro”.
“Nós quando tratamos deste património museológico, não pensamos em levá-lo mas sim em deixá-lo para as gerações vindouras para que prossigam com o trabalho desenvolvido por nós”.
Para trás fica a saudade de trabalhar nas telecomunicações, “mas a vida é feita de novas aventuras” e Fernando certamente irá em busca de novos desafios que lhe sejam tão prazenteiros como foi trabalhar na Fundação, em Lisboa.
Porque a vida é feita de evolução, está disposto a fazer parte deste universo de constante mudança e a experimentar novas sensações.
Inês Oliveira