quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Calhava que nem ginjas


Viagem de tasca em tasca pelas ruas de Lisboa



Popular e democrática, a ginjinha é procurada por homens e mulheres. Novos e velhos. Portugueses e estrangeiros. Em troca de uma moeda de um euro recebem-se uns bons minutos que adoçam a boca e aquecem a alma. Este licor vermelho leva quem o saboreia às mais variadas sensações. Para os que a conhecem é frutada, suave, e tradicional. Para quem não conhece é forte, ardente, e doce.

Foi um monge da Igreja de Santo António, Francisco Espinheira, que experimentou deixar ginjas a fermentar em água. É preciso depois acrescentar açúcar, e canela. “É um licor antigo, apurado e muito apreciado pelos Portugueses e turistas em geral”, conta o senhor Fernandes.

Não é indiscreto, quando quem está ao balcão pergunta se quer “com elas” ou “sem elas”. Faz parte da tradição de pedir a ginjinha: com ou sem fruta no copo. A casa mais antiga é a Ginjinha Espinheira, aberta em 1840 por Francisco Espinheira, no Rossio. No pequeno balcão de mármore do Senhor Fernandes, já passou de tudo e de todos, são muitas as vezes que fazem fila para além da porta só para beber este licor.

Este é um dos estabelecimentos mais populares de Lisboa e tornou-se um ponto de paragem obrigatória, tanto como para quem nunca provou este sabor tão Português como para quem passa aqui todos os dias. A pergunta está sempre na ponta da língua. “É com ou sem elas?” É depois de almoço que muitos dos clientes habituais vão beber o digestivo. “Sabe bem depois do almoço como digestivo, é apetitosa” diz Hermano, cliente da casa já há vários anos.

Com todas as tradições, vêm inovações e última inovação da ginjinha em 2002 foram os copos de chocolate. Foi no festival do chocolate em Óbidos que surgiu esta parceria e já são várias as casas de ginja em Lisboa, que vendem a ginjinha com os copos de chocolate “Beba a Ginja e Coma o Copo” é um êxito.

Não importa se é do Carmo, se é Espinheira, se é Sem rival. Pode ser bebida com elas, sem elas, normal ou no chocolate, mas no fim o que interessa é que adoça a boca de qualquer um.

Mafalda Paiva e Sofia Simões

Ginjinha do Carmo, Largo do Carmo, Terreiro do Paço











Ginja Espinheira, Rossio














Ginjinha de Óbidos, Mercado da Ribeira













Ginjinha Sem Rival rua de Santo Antão










“…Recordações de calor
E das saudades o gosto eu vou procurar esquecer
Numas ginjinhas
Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas”

Amália Rodrigues
 

Receita para a Ginja
Ingredientes
400g de ginjas maduras
300ml de aguardente
100ml de vinho tinto
1 pau de canela
2 cravinhos
400g de açúcar

Preparação
Numa garrafa grande de boca larga colocar as ginjas sãs, lavadas e sem pedúnculo, a aguardente, o vinho, a canela e os cravinhos. Deixar em infusão 2 semanas, em local escuro, agitando de 2 em 2 dias. No fim das 2 semanas adicionar o açúcar e deixar repousar 1 mês, revolvendo o frasco para dissolver o açúcar de 2 em 2 dias no início.


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